quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O impacto dos resultados das últimas eleições europeias e a previsão dos próximos resultados nas eleições legislativas

A 5ª sessão da JSD sem Fronteiras ficou marcada pela análise de duas questões importantes no espectro político: os resultados das últimas eleições europeias e a previsão dos próximos resultados das eleições legislativas.

Os últimos resultados das eleições europeias constituíram uma verdade surpresa para muita gente e o PSD voltou-se a afirmar como a força política nº1 em Portugal. Esta vitória veio alterar também todo o paradigma político em Portugal; antes dessas eleições julgava-se que o papel do PSD nas próximas eleições legislativas seria o de tentar retirar a maioria absoluta ao Partido Socialista; agora, o objectivo passou a ser a vitória nas próximas eleições legislativas. As razões que justificaram esta mudança foram analisadas e constatou-se que este novo cenário político deveu-se, simultaneamente, ao mérito do Drº. Paulo Rangel e desmérito do Drº. Vital Moreira. Vários foram os erros apontados ao longo da sua campanha, principalmente quando necessitou do estabelecimento de uma relação mais próximo com os cidadãos, nomeadamente as várias contradições com o Engº José Sócrates, as várias quezílias com os demais candidatos, a falta de uma visão europeia e um perfil marcadamente científico e pouco ligado aos problemas concretos da sociedade civil. Para além disso, o Governo do PS passava por um momento complicado em termos de popularidade, devido aos conflitos com os professores e à crise económica.

Do outro lado, a prestação do Drº. Paulo Rangel foi uma verdadeira surpresa e a sua inclusão como cabeça de lista foi uma decisão arriscada, mas acertada, por parte da Drª. Manuela Ferreira Leite. De um discurso pouco apelativo e elitista, o Drº. Paulo Rangel, conseguiu no contacto com a população ouvir os seus problemas, transmitir uma imagem de seriedade e competência, que fizeram os portugueses acreditarem na sua candidatura. Em termos gerais, esta última campanha para as eleições europeias foi extremamente importante na união do PSD para as próximas eleições legislativas. Contudo, a campanha das últimas eleições europeia ficou também marcada pela falta de discussão dos assuntos europeus, nomeadamente do Tratado de Lisboa, que ainda se encontra em sérios riscos de não ser ratificado por todos os países que constituem a União Europeia. Por fim, analisou-se também a subida das forças políticas de esquerda nestas últimas eleições europeias, que juntas (PCP+BE), possuem mais de 20% do eleitorado. O PCP possui um eleitorado fiel e conseguiu rentabilizar algum do descontentamento do eleitorado do PS. O BE possui um eleitorado forte junto dos centros urbanos e, em particular, junto dos mais jovens. O BE é um partido com grande expressão em grande parte das nossas escolas secundárias e também em algumas universidades, pois procura dar resposta aos problemas concretos do país e debate os assuntos sociais que afectam a nossa juventude.

Em 2º lugar passou-se à previsão dos próximos resultados eleitorais nas eleições legislativas. Existem algumas dúvidas se o PSD ou o PS sairão vencedores no próximo acto eleitoral, mas ficou bem presente a ideia de que essa vitória não será por maioria absoluta. Também se analisou um possível cenário de coligação governamental e, verificou-se que este cenário, apesar de possível, será de difícil concretização. De um lado, o número de votos do PSD+PP poderá não chegar para atingir um cenário de maioria absoluta na Assembleia da República; por outro lado, o PS terá dificuldades em estabelecer uma aliança com o PCP e BE devido à grande clivagem dos seus programas eleitorais e também justificado pelo estilo de liderança do Engº. José Sócrates. Assim sendo, ganha força a possibilidade da existência de um bloco central de desígnio nacional. Neste ponto, existiu quase unanimidade de que um eventual bloco de governo central não seria bom para o país, pois os portugueses precisam de identificar a existência de alternas válidas de governação para o país. Um eventual bloco central poderia aumentar a percentagem de votos nos partidos de esquerda e tornar um cenário de governabilidade do país cada vez mais difícil.

Existem muitas dúvidas sobre o cenário mais provável resultante das próximas eleições legislativas. Certo é que o Presidente da República convidará o partido mais votado a formar governo e esse partido procurará estabelecer um cenário de coligação governamental. Se não o conseguir, o mais provável é que o futuro primeiro(a) ministro(a) opte pelo este estabelecimento de uma governação sem maioria parlamentar, necessitando para tal, da existência de acordos no parlamento para aprovarem os seus projectos e políticas governativas. Um eventual cenário de maioria parlamentar relativa é perfeitamente possível e viável, mas terá dificuldades em atingir condições de governabilidade ao longo dos próximos quatro anos. O país necessita de um governo por quatro anos para fazer frente aos próximos desafios com que se depara e para ser possível o lançamento de um programa de incentivo ao crescimento económico. A eventual existência de um governo por apenas dois anos ou menos não terá condições para responder a este desafio. Neste contexto, o Presidente da República assumirá um papel muito relevante na procura de uma estabilidade governativa, independentemente do partido que venha a sair vencedor nas próximas eleições legislativas.

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